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quarta-feira, 3 de junho de 2015

[trechos do passado]³

O que se guarda é uma experiência que aflora os sentimentos mais conflitantes. Tem vontade de se aproximar, de se afastar. Tem vontade de deixar a vida respirar um tempo, enquanto você se recupera. Enquanto seu corpo, enquanto seu coração,  ficam em sintonia pra lhe deixar em paz.


{28 de maio de 2012}




terça-feira, 2 de junho de 2015

[trechos do passado]²

Há dificuldade em colocar-se no lugar certo. Há dificuldade em acalmar o ânimo e ir vivendo na leveza que proclama por aí. Soluçou por lembranças ouvindo músicas melancólicas. A lembrança tem o tom da melancolia, o tom da saudade. Palavra que guarda, nela só, tantos conflitos. Você sorri e chora junto com ela. Você acalma, apaixona e decide esquecer. E volta. E segue. Faz a volta e retoma o ciclo, esse natural, esse em que as coisas simplesmente passam.

{17 de dezembro de 2012}

segunda-feira, 1 de junho de 2015

[trechos do passado]¹

Nenhuma sombra encobre. Nenhuma ironia convence. Separam-se. Completam-se. Em lugares diferentes. As imaginações alheias conversam com você. Somos todos descuidados, as rotas de olhares preenchem um circulo. Estamos todos dentro dele. O acaso nos dispõe, o acaso nos aproxima. 

{30 de setembro de 2011}

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Ausências

A ausência do cotidiano me deixou meio à margem. Poucas coisas surgem e materializam o que ainda não consegui de fato digerir. Poucas dores ficam assim. Guardadas, esperando um ou outro sinal, uma ou outra palavra, esperando que a consciência volte pra te fazer sentir tudo de uma vez, tão atrasado. Tão solitário. Sou de tempos diferentes. Sempre soube. Deixo o sentimento ser nutrido infinitamente, acompanho o passado a uma distância segura. Sem deixar romper, sem deixar passar. Isolo os sentidos, os sons e vou construindo histórias pela memória. O som da voz ainda é vivo aqui. Ainda consigo sentir. Fico esperando esse novo encontro que não pode chegar. A despedida definitiva é sempre embalada por uma dor que fica sendo alimentada dia-a-dia. A lembrança traz sorriso e choro. Vai sempre trazer. Porque essa saudade não passa, não merece passar.

Eles estão perto. Estão em mim. É suficiente saber que o amor era reciproco. Que a saudade era sentida dos dois lados. Foram pra ficar juntos. Se é pra acreditar no que é eterno, esse é o momento. Esse de ver que um precisou seguir o outro. Precisou levar amor e companhia pra perto dela, ainda que tivesse que ir.

A felicidade fica porque posso lembrar, porque visualizo seus sorrisos juntos. Eram (são) fortes, os dois. Tanto que deixaram um pouco dessa força por aqui. Espero que um pouco tenha respingado em mim nesse caminho de gerações. Vou lembrar sempre. Vou sentir falta sempre. Vou me orgulhar do que consegui viver por perto. Vou me arrepender do tempo que não tive.


Vou amá-los sempre.  


sexta-feira, 30 de maio de 2014

Estou aqui cheia de paixão. Os olhos brilham, o sorriso flui. Perdi o tom e deixei o corpo seguir a voz. A paixão, das melhores, a que se encontra em si mesma. A que sorri das lembranças, dos dias que foram bonitos pros que você tem certeza que vão ser. Deixo de preencher a vida com fins, meios ou começos. Os três andam comigo. Absorvo tudo o que é possível. Não preciso de regras de conduta, não vou buscar desculpas pra felicidade. Ela esteve sempre aqui tentando encostar sua alma na minha. Tentando ter tempo pra que eu pudesse absorver. Foi chegando calma. Até aqui, até agora. O momento que sai do estou e se preenche do sou. Vou ali chegar perto do mar. Realimentar minha poesia. Vou me trazer de volta. 

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

...

Hoje acabaram tantas coisas. A sensação. A amizade. O mundo que me norteava. Hoje eu senti a solidão ser o meu norte. Ser a minha sequência. Abracei com força e decidi seguir. Passei por sensações piores. Vivi o mundo do jeito que tem que ser... Esbarrando nos limites, admiti... Mas é difícil deixar doer sozinha. Das coisas que não passam. Do que a gente camufla... Até quando? Até quando é simples? Até quando é possível? A historia que conte. A historia que mude. Eu cansei.

O universo público que ninguém lê. O ultimato. O que se despede. O que é invisível. O sentimento é rasteiro e preenchido por conversas alheias. O paraíso da vida intraquila. Quando o que quer é o silêncio mais fundo. Deixa o corpo doer. Deixa sangrando. Enquanto o corpo se deteriora ninguém vê. Ninguém sente. Uma hora chega... E você desiste.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Fase: Esquecer

Não aumentei uma linha, um ponto. Não escolhi as palavras, não podei minhas vontades. Deixei a situação correr. Acreditando demais na sinceridade alheia, presumindo um desenvolvimento natural. Até que acabou. Até que a conversa chegou na hora mais inapropriada possível. Clichê de fim de “relacionamento” (e haja aspas pra justificar o uso da palavra). Um dos dois ou três únicos motivos que separam as pessoas (pelo menos verbalmente). O sorteado da vez chegou com o sentido de “estamos em tempos diferentes”, jeito menos explicito (ainda que tenha sido explicito) de deixar o campo aberto. Passa um tempo sendo capaz de conhecer o outro tão “profundamente” e no último marco, o ponto final, destrói a criatividade e pega uma das cartas comuns.  Quem suporta ouvir um “não é você, sou eu”? A vantagem é que isso ajuda a processar a fase do esquecimento. Quem, entre tantas, escolhe essas opções não inspira nenhum próximo reencontro. Que passe mais tempo dessa vez. Um longo e cheio de coisas novas, recaídas merecidas, viagens (reais e imaginárias), músicas e histórias a serem descobertas e amadas, amigos pra encontrar. Sem economias de amor. A fase que machuca enquanto passa acaba sendo a que mais gera frutos (de todo tipo). Surgem inspirações novas, força pra transitar pela vida com mais coragem, o resto estou ainda esperando descobrir. Esperando não, na verdade, quase correndo atrás do que pode ser "o novo". 

E eu concordo, não sou eu.  

terça-feira, 19 de novembro de 2013

"Letra e Música" - Em inspiração



Não foi surpresa. Ando querendo alimentar a estante com o que cria referências e conversa comigo nos momentos certos. Parece que é de uma busca contínua e de uma grande felicidade em cada novo encontro. Ando agarrada com uma edição linda, pequena (somente em dimensões), de um par de livros guardados com cuidado em uma capa vermelha. “Letra e música” vindo conversar. Divulgando e abrindo as paixões e gostos. Ando ainda vagueando pelas primeiras páginas de um dos volumes, A canção eterna - 64 pequenos ensaios sobre música popular. E antes mesmo de chegar à segunda dezena de páginas sinto que as descobertas e paixões que devem surgir vão bem além desse número. Sinto que nesses próximos dias tanto do que eu não ouvi ou li vêm chegar junto de mim, sussurrando ao ouvido. Estou aqui pra sentir, ouvindo o novo/antigo, deixando todo o espaço livre pro que ainda vai chegar. Desapegando dos vícios cotidianos pra deixar o tempo se ajeitar com os novos.

Porque é isso que alivia e cuida do meu tempo. E cuida de mim. Algumas paixões são determinantes e dizem tanto do que você é, do que você quer ser. Vou me apegar às palavras e notas que chegam com o afinco de quem se agarra aos sonhos, desejos... Porque sim, fazem parte dos meus. Tem uma simplicidade na loucura que a arte permite. E é essa conversa (de simplicidade e loucura) que irradia da experiência de encontro com uma nova música, um novo livro (não qualquer), essa que dialoga com opostos. Nessa conversa que eu me apego. E vou soltando as palavras como se elas saltassem, todas em queda livre. Na liberdade que permite a confusão. Deixando-se perder. Porque o que eu pego é o estimulo. E vou indo desenfreadamente no tempo da música.



Adorando não conhecer, pra ter a sensação da primeira vez, do primeiro contato, do primeiro amor.


Letra e Música: A canção eterna (Vol. 1); A palavra mágica (Vol. 2) – Ruy Castro (Cosac Naify, 2013).


segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Tem o que não se esquece. O tempo que passa mais rápido do que a gente sente. Já passaram cinco anos. Seriam 107 ontem. Nem consigo imaginar o quanto de vida se guarda em uma memória dessas. Chegou longe, ultrapassou o século com a memória mais forte que a minha. Algumas imagens grudam na tela da lembrança, como se pra cada história tivesse uma fotografia pra contar. O rosto comum e forte que passou da infância, da adolescência, antes e depois de tanta coisa. O sorriso de vô que guarda uma sabedoria que às vezes essa juventude estranha não reconhece. Está presente em tanto. Em bem mais do que eu deixo perceber.

Ele fica aqui, ainda perto. Por que alguns sentimentos não são perdidos mesmo quando as pessoas, de certa forma, vão. Ainda assim, faltou dizer tanta coisa que eu fico torcendo sempre, pra que de algum lugar ele possa assistir a vida que fica. Foi o apoio em silêncio, o amor óbvio e lindo. O significado da palavra “família”. O que era, o que é. O que fica depois dele. É um aglomerado de histórias felizes que supera qualquer discussão rasa.


Na maioria dos dias, e é o que importa, abraçando e alterando um dos maiores clichês “a grama do vizinho não é mais verde, nem mais bonita que a minha”. 


quarta-feira, 16 de outubro de 2013

...

Senta perto outra vez. Ouve o tom de despedida antes de qualquer palavra. Tem estranheza nesse tocar de mãos e o olhar oscila certezas e dúvidas. 

Andei calma por semanas, sorrindo aleatoriamente por detalhes que antes não percebia. As metáforas foram ganhando forma, e em cada letra e nota eu vi um estranho significado por trás.

Deixa o mundo me contar essa história que é melhor.

Ela começa, pausa, acaba, recomeça, acaba... Vive desse circulo vicioso. Dessa lógica contínua que conta os fins antes de desenvolver o conto e deixa fugir os recomeços, abolindo o encanto do imprevisto.

O encontro. O reencontro. A reinvenção. O encantamento. O recomeço. Precisam todos estar mais perto. Precisam me impregnar. Alimentar essa que vivia cheia de confiança, tragando a vida forte, sem medo. Apaixonando-se sem calma, sem cuidados.

Faça as escolhas.


O tempo é tudo que a gente não pode trazer de volta. 


terça-feira, 8 de outubro de 2013

Que a história dure enquanto eu não sufoco...

Tenho sido feliz naturalmente. 
O clichê da simplicidade finalmente me atingiu. 
Abraçou e se apegou, com força, aos momentos felizes. 
Aqueles em que não acreditava, aqueles que não permitia.
E da felicidade surge um vácuo, como se não fosse capaz de se identificar com essa sensação. 
O mundo suportou outro tipo de pessoa. 
Essa, de agora, eu nunca conheci. 
Suguei e antecipei  situações inconclusas. 
Pulei etapas. 
Sempre me deixaram fugir. 
Sempre foi fácil pôr pontos finais. 
A despedida sempre foi unilateral. 
Só um era capaz de sofrer por histórias mal começadas.
Muito já não existe. 
E a situação atípica me dá medo e faz feliz de um jeito tão óbvio, tão natural que é difícil tornar crível.
Já bati recordes, já ultrapassei fronteiras. 
O inacreditável é que o sorriso ainda está aqui.


Que a história dure enquanto eu não sufoco. 

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

[Do sonho eu escrevo]

Do sonho eu escrevo. No sonho eu escrevo. E nada é mais suficiente. Nada me permite mais. Andei buscando a felicidade longe. O tempo todo ela andava tão perdida quanto eu. Que buscava, falava, maldizia o que fosse possível. Em um lapso, o longo caminho percorrido, criou contornos. Abriu a cortina e iluminou o que estava impresso sobre páginas e páginas. Estava aqui. Esteve sempre aqui. O escritor, como qualquer um, tem o momento em que se encontra. Além disso, tem o que momento em que precisa se assumir enquanto tal. As palavras são mais que ferramentas em alguns instantes, em outros podem ser só um jeito de chegar à ultima página. De qualquer arte ninguém está imune. Abra as portas e a vida se multiplica. Compartilhar histórias é multiplicar vida. 

quarta-feira, 12 de junho de 2013

A felicidade anda leve.

Ela vem no ritmo das páginas de uma biografia.
Vem na nostalgia de alguns reencontros.
Na perspectiva de novos.
Nos sonhos que vão criando forma.
Enquanto outros se formam.
A felicidade anda leve.
Deixando a cidade frustrar o medo.
Respirando fundo, adquirindo calma.
Nadando, literalmente.
Tentando multiplicar o tempo.
Fugindo de suposições.
E colocando pontos nas histórias inacabadas. 

quarta-feira, 27 de março de 2013

Barba ensopada de sangue - Daniel Galera




Tão melhor do que eu esperava. A sinopse pode dizer sobre o que o livro é, pode apresentar o inicio da história, incluir seus personagens e induzir o interesse. Não foi assim. Adentrei pelas páginas do livro sem apresentações. Pelo nome do autor, indicação de uma amiga. Me apresentei meio recatada a uma das ótimas experiências literárias que chegou de uma coincidência. Não vejo melhor forma de se identificar com as pessoas do que falar sobre um bom livro, uma boa música, do que falar sobre os sonhos e histórias que em algum momento a vida já sugeriu pra você.

Honestamente, no inicio me pareceu um personagem tão sem atrativos, com a vida comum e cotidiana que já nos impregna o suficiente. Em um inicio breve, tão breve. Talvez somente nas primeiras linhas, talvez só pelo meu afastamento involuntário de obras puramente literárias. Andava imersa em histórias e pesquisas e entrevistas. Tão melhor voltar dessa forma, com esse livro. Com uma conquista que foi se consolidando a cada página, em cada encontro do personagem, em cada imersão, quando o autor consegue fazer com que tenha a impressão de que esbarrou com essa pessoa pelas ruas, que andou pela orla dessa praia e acenou pra ele que não demonstrou nem sinal de reconhecimento. 

Alguns trechos ecoam, algumas frases lhe fazem sentir próxima. E de uma forma realmente estranha é difícil desapegar. Como se a água salgada em busca da sobrevivência não lhe tivesse sufocado o suficiente, como se a recuperação da cachorra não tivesse sido assistida o suficiente, como se o encontro imaginado, como se as imagens imaginadas por anos estivessem perto de concretizar e você não “assistiu”. Como se houvesse uma grande reviravolta por vir. Daí percebe que não é nisso que a beleza do livro chega ao extremo, é uma vida condensada de experiências que não precisariam ser extremamente exploradas pra fascinar, bastava. 

Os contos que a vida nos apresenta cotidianamente, as conversas que temos durante, os encontros que temos, as coisas em que esbarramos, as lendas e histórias familiares, o desmembramento da nossa árvore genealógica, são detalhes da vida que parecem tão mais interessantes agora.

Surge um sorriso involuntário de despedida no meu rosto fechando o livro. A história não se encerra na minha cabeça essa noite. 

Amanhã abro espaço pro encantamento do novo. 

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A saudade acumulada apagou de vez


Vou dizer do que eu sinto falta. Mais do silêncio que da conversa. Mais da distância que da presença. É fácil acreditar que foi forte quando se tem a distância pra catalisar isso.  Essa é a hora de acreditar que qualquer possibilidade ali estaria fadada ao fracasso. Somos semelhantes à distância. Funcionamos pelo telefone. Você aprendeu a jogar mensagens e achar a ausência de respostas natural. Aprendeu a acreditar nas palavras mais que no tom de voz. Imaginou que a semelhança fosse suficiente para confiar. Imaginou relações próximas, mudanças, desejou arriscar, foi falando mais alto as palavras que lhe sugeriram evitar.

A saudade acumulada apagou de vez.

E chega a parte em que precisa agradecer. Agradecer o tom melancólico que a vida coloca a sua frente.  Agradecer o empurrão de ter que acordar sem ficar carregando esperanças ancoradas na vida de outra pessoa.  Não que tenha tido tempo. Não que tenha sido limitada a esse ponto. Só aproximou mais do que o corpo e deixou ficar. Deixou-se ligada, mantendo o lugar vago. Mantendo expectativas e impressões rasas de quem quer que fosse.

Chega brusco e sem despedidas. Enquanto saio frágil e descuidada. Soltando frases desconexas pela rua, me deixando afetar por cada imagem e som que ousam chegar perto.  

Estou voltando.

E o que importa é:

A saudade acumulada apagou de vez.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

De quem se despede...


O abraço de despedida é o mais forte possível. Nele, nesse que aparece sem se anunciar, você coloca as esperanças, as angústias, coloca o sorriso e o choro por ter que deixar ir. E, antes do outro, despede-se do sentimento que abrandou e cultivou por certo tempo. 

Certo tempo. Certo tempo. 

Tempo que se tornou insuficiente, que não foi capaz de sufocar as distâncias. Dos sentimentos que teve, o aprendizado não ficou. Ele ressuscitou as antigas histórias, fez sentir saudade e apegar-se a fotografias de um tempo em que o sorriso era mais leve, era imprudente... 

Porque a felicidade, sim, a gente tem o dever de espalhar. E que o vento faça-a alcançar outros. 

Deixa ir, dessa vez, com um sorriso mais leve. Antes a pausa, antes o ponto, do que a interrogação que as reticências significam. Não manda mais beijos aleatórios. Vai sem cuidado trilhando o caminho do imprevisto. Imprecisões, surpresas, frases camufladas, sentimentos distorcidos. 

O feriado lhe guarda e o carnaval anunciado vai ser em silêncio. No silêncio bem-vindo. Regado às minhas próprias escolhas, ao que me surpreende e me acorda todas as manhãs. Se eu achei, por minutos, que o sorriso não viria. Ele veio. E veio mais forte que antes, porque dessa vez ele parte de mim. 

domingo, 30 de dezembro de 2012

Expectativas...



A expectativa é a mutilação de qualquer sentimento. Vivê-los sem deixar a naturalidade guiar é marcar a data do término. Então, na situação corrente o melhor a fazer é aquietar o coração, e focar na própria vida. Abrandar os desejos, deixá-los em estado latente e supor que não é o fim. E supor que a esperança cuida de seguir em frente por conta própria.

Sem deixar de viver cada dia. Entra em contagem regressiva. Dando paciência ao que é necessário, abraçando as pessoas, abraçando as chances.
 
Tem coisas maiores. Mas a gente se deixa sugar pelas menores. Ocupa os pensamentos com tão pouco, com suposições de felicidade, com impressões alheias e distorcidas de você. Indo o mais devagar possível, porque a vida se deixa iluminar calmamente. 

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Sem despedidas


Uma ligação antecipa, é verdade. Ela dá o tom de emergência pro que merece ter calma. Nem todas as palavras precisam ser verbalizadas, elas podem repousar em um papel guardado, em uma tela. Podem nortear a sua vida pra só depois ocupar-se de outra. 

Há dificuldade em colocar-se no lugar certo. Há dificuldade em acalmar o ânimo e ir vivendo na leveza que proclama por aí. Soluçou por lembranças ouvindo músicas melancólicas. A lembrança tem o tom da melancolia, o tom da saudade. Palavra que guarda, nela só, tantos conflitos. Você sorri e chora junto com ela. Você acalma, apaixona e decide esquecer. E volta. E segue. Faz a volta e retoma o ciclo, esse natural, esse em que as coisas simplesmente passam. 

Escreve pra tentar acreditar. Escreve pra tentar convencer. Mas não se prende ao surto momentâneo e brusco, mas não tem medo de voltar atrás e cometer cada uma das precipitações anteriores. Não tem medo de voltar aos sentidos, de voltar aos conflitos, de voltar às noites em claro guiadas por fotos e músicas que induzem a lembrança. 

Vai correndo em direção aos erros, anseia por cometê-los. Repete os ciclos. Retoma as pessoas. Só não consegue despedir-se. 

Imersa nas mesmas palavras. Naquelas que tem a intenção de abrandar sentimentos. As que vacilam. Sobem o muro e ficam por lá. Seus sentidos em espera. Descansa a tela, a voz, o corpo, o que for possível pra arriscar menos. Passou um tempo beirando o mar, beirando a confusão da vida cheia de conflitos. Enche as frases de entrelinhas. Deixa o subjetivo induzir. É o máximo de exposição possível. 
É o jeito de deixar as coisas ficarem. 

quarta-feira, 12 de dezembro de 2012


Você não é a tranquilidade. Você não é a paciência. Não é o que dá paz. É  a situação confusa. É o momento de escolha. É a dúvida. É o que o mundo decidiu que fosse. 

Você não teve escolha. Você não teve a confusão. É a imagem clara do que os outros tem que seguir. 

Ainda assim, não sabe o que é. Não sabe o que pensa. Não sabe o que sente. É a imagem, é o jeito de vestir, o jeito que entona a voz, é o que faz. Abandonou os verbos, abandonou as ações. É o paraíso do insensato. O paraíso do incapaz. 

E o mundo segue. E as pessoas copiam. Que seja. Que abandone o sentido. Que acompanhe o fluxo. 

Vou indo pelo caminho oposto. Com um sorriso no rosto e um pôr-do-sol pra assistir. 

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Ainda assim...


Não. E não é que eu queira. E não é que eu sinta. Você confronta a realidade, por vezes, e de modo aleatório. Talvez a melhor parte de crescer seja poder pegar um táxi e fugir. E sair. E se afastar. E deixar a vida alheia seguir sem a sua. Não adianta ir se queixando de cada uma das pessoas, não adianta sugar tudo delas. Você é uma só. Uma que vai alimentando aos poucos. Uma comum. Sua voz não é o folego de ninguém, só o seu. É quando respira que sente a vida. E é quando respira que sente ela ir. E é tão breve. Tão sem caminho. Não é o desejo e não é a calma de ninguém. Só é. O jeito que vai indo é o jeito que suporta. O que comporta todo o tempo e qualquer das coisas que sinta. É o seu limite inconcluso. E é o seu complexo cheio das multidões. É assim. É o jeito. É o jeito que encontra a calma, é a paciência de seguir. Que seja esse o sorriso incompleto, que seja essa a voz incompleta. Que o mundo vire as costas e se deixe ir. Alimentou o suficiente. Sugou o suficiente. Foi, por tempo demais, a voz da segurança. Hoje. Hoje, é tão mais simples não ser. É tão mais simples apagar a chama. É tão mais simples sumir um tempo. De um segundo a outro cansa da simplicidade e cansa das escolhas. Suporta a fragilidade como qualquer pessoa. Mesmo uma dessas que abraça a vida. Mesmo uma dessas que acha tudo tranquilo e feliz.

Silencia essa voz interna. Apaixona-se ainda assim.

Ainda assim deixa o tempo passar, de um jeito calmo, de um jeito simples.

Ainda assim... Decide acreditar.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012


É o folêgo. É a respiração. É o pulso. É tão inevitável quanto. É por onde expele esses sentimentos , é quando acelera, é quando corre, pra longe, em direção. A paciência sem controle. O excesso cheio de limites. A metáfora cansada. A ironia cuidadosa. Desse jeito se explica. Desse jeito contrai o corpo pro fundo da cama, passa o colchão, passa o chão. Encontra pelo térreo o tempo perdido andando pelas ruas. Deixa a parte sufocante pelo décimo andar e desce que a vida é lá fora. Ciente do encontro. Ciente dos sentidos. Sente o toque pelos poros. Os pêlos do braço que arrepiam, a aceleração, a imagem que cuida de manter na memória, a leveza na voz que afasta. 

Chama. A linha suspende. Deixa as esperanças em espera. Pede um tempo pra viver. Aproxima o efêmero e acalma pelo canto o que quer que fique.   


São vários os rostos que passeiam pela sua memória.  Vários os nomes, estados, signos. Experiências que não se apagam. Histórias que não precisam de limites, que não podem ser enquadradas pelo tempo nem pelos padrões do cotidiano. Vou viver por um tempo, guardar por um tempo. Viver a matéria-prima do que se conta. Vou experimentar... Da liberdade extrema à prisão a que as vezes se submete. Vou encontrar com parte dos meus sonhos, esbarrar nas vidas que transformam. Vou respirar fundo, saltar do alto, mergulhar mais fundo... Fazer as ligações inconvenientes, falar o que não devia, agir por impulso... Vou deixar a vida ser como deve, sem cuidados excessivos, sem o medo sufocante. Vou esperar o tempo necessário, não mais que isso. 

E essa é a hora... de deixar o texto incorporar o corpo.  

segunda-feira, 26 de novembro de 2012


Nos últimos dias. Sem exagerar no clichê eu senti que a felicidade é tão simples. Senti que ela é uma conversa em que você consegue sorrir naturalmente, que ela é segurar a sua mão por um tempo. Senti que cada palavra foi dita na hora certa, que cada sensação a flor da pele chegou com calma pra quem é cheia de pressa.  Andava sentindo falta de mim assim. De uma história que pausa o tempo. Nem importa, de fato, se foi ontem, hoje, se continua ou não. Importa o sentimento que fica. 

As pessoas que aparecem, que continuam, que passam, que se despedem... Tem o dom de lhe fazer se conhecer mais. As atitudes, sensações, reações que não teria sem esses encontros, dessas que se pode sentir falta. Você guarda o que viveu, você lembra. Mas não pode se alimentar da expectativa recorrente, exagerada. Eu tenho um nome, poucas fotografias, uma história e várias lembranças... Quem pode dizer o que acontece no outro dia?

Você para. 

Enquanto eu tento evitar... 

quinta-feira, 8 de novembro de 2012


Enquanto eu busco a clareza. Suporto a saudade. Sufoco a rotina...

É nas minhas descuidadas frases, nos sorrisos soltos, aqueles que, vez ou outra, jogo pro espelho, pras situações imaginadas...  É onde eu me exponho.

Esqueci as palavras num canto, ultrapassei os limites, deixei de respeitar o que nos aproximava. Talvez não esteja pronta para enfrentar o que pode acontecer. É mais fácil suportar a distância, é mais fácil imaginar tudo daqui. Aqui onde eu me guardo dos riscos...

O quão alto posso ir?  De onde meus sentimentos podem cair sem que os danos sejam irreversíveis? 

quinta-feira, 13 de setembro de 2012


Melhor é guardar essa saudade num canto. Deixar espaço, me afastar dela... Deixa em modo de espera, em descanso. Não adianta sussurrar ao telefone o quanto ela é inexplicável. Tem essa recorrência, essa coisa que tem medo de aproximar, de afastar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012


Precisa de um reencontro. O que tem a fazer? Volta às antigas folhas de cadernos, agendas, datas marcadas, tantas as coisas que já passaram por ela. Vai à busca de quem foi pra tentar entender a confusão que a prende em cada novo dia. 

Como o tempo esperado a faz transformar os sentimentos. Como a paciência se esgota. Como as dúvidas vão penetrando tão forte. Como decide apagar tudo pra recomeçar. 

Pensa em queimar as folhas antigas. Pensa em construir uma pessoa nova. Mesmo nome, mesmo rosto, mesma voz. Mas seus silêncios mudam de significado. Suas frases perdem a clareza até que tenha, finalmente, coragem de falar com todas as letras o que a transformou. 

Parte cedo demais... de uma ou outra palavra, dessas que deveriam preencher frases longas cheias de explicações. Mas não consegue evitar e deixa o subtendido, deixa o que viria ser, completar a frase precipitadamente. Interrompe a voz do outro com uma respiração mais forte. Com o “não sei”, que deveria mas não conduz a nada. Não deixa o tempo ser natural, com medo das certezas. É mais fácil impregnar-se de dúvidas. 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Cada palavra deve ser conduzida com cuidado. Há um amor pela forma de expressão, um que se apega ao papel, à caneta... Um que admira os rabiscos em folhas amareladas. Mesmos as palavras soltas, desconexas, jogadas sem ordem em uma folha lhe parecem caras. De que resulta esse apego que lhe mantém presa a cadernos de histórias que lidas hoje não contam coisa alguma? Busca as referências pelo tempo, pela memória, pelas pessoas que conheceu... O que fica de cada uma dessas experiências são as vozes silenciosas presas no papel. Elas lhe trazem os sorrisos de volta. Elas lhe trazem um sono tranquilo. Mesmo quando constantemente a impedem de dormir. Certas vezes as vozes não lhe importam. O silêncio, ou o som baixo da caneta correndo pelo papel é o que é capaz de tranquilizar o seu dia. 

domingo, 26 de agosto de 2012

Às vezes não preciso de nada além de me ouvir. Às vezes o dia melhora com isso. É quando eu me sinto menos sozinha. Quando os dias passam na velocidade certa. Quando não desejo nada além de estar aqui. Ouvindo. Sendo a pessoa que sempre desejei ser. Quando aqueles sonhos de quando... já nem lembro quando... Quando eles fazem sentido. Quando você sorri sozinha e se sente feliz.

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Mal diz. Mal preenche o espaço que lhe deixo disponível. Talvez a minha resistência devesse se amplificar. Talvez deva exagerar nos meus limites. Talvez deva inteirar o mundo com as minhas confusões. As que se multiplicam com o passar lento dos segundos de espera. Em um curto intervalo de tempo se questiona, muda de direção, apanha os antigos sentidos que via nas relações desenvolvidas e joga num canto do quarto. Deixa lá. Guarda sem nenhum cuidado. Sufoca as palavras até onde perde controle. Prende às mãos a uma distância frágil do teclado.  Não adiantam os tantos conselhos. Não adiantam os tantos cuidados. Uma parte sua prefere jogar-se em fogo cruzado. Prefere investir no salto, sem perspectivas, sem direções certas. Esse sempre foi o lado que via como o melhor da vida. As incertezas que lhe impulsionam, são sempre tão mais atraentes do que o planejamento de uma história que nem existe.  

quinta-feira, 5 de julho de 2012

Tenho consciência de que nem todas as histórias deveriam ser compartilhadas. Os casos em família ficam pra conversas entre amigos, pra desabafos regados por vezes a algumas bebidas temperadas com um liquido meio salgado que escorre do rosto. Dessas histórias ninguém gosta de ouvir falar. Uma boa conversa costuma ser aquela que consegue ser acompanhada de alguns sorrisos tortos, algumas gargalhadas exageradas, uma teia de causos que uma família do interior pode contar. Nada deveria ficar do rotineiro, dos altos tons de voz, do excesso de solidão a que se submete, da frase mal compreendida, nada deveria ficar além da percepção de que nenhuma família é grande ou pequena, boa ou má o suficiente. Não se trata disso. Nossos casos são os mesmos. Não seria certo comparar histórias. Não seria certo supor, pelo meu lado, maiores dificuldades, maiores perdas.  Qualquer que seja a dificuldade ela consegue ser transformadora. Seja pra lhe fazer aprender, torna-la uma pessoa mais forte, independente, dura. A delicadeza não consegue vencer em todos os dias. Natural. A vida é recheada de altos e baixos, de idas e vindas. Que vá embora então, mas que um dia volte. Talvez nenhuma escolha e nenhuma palavra seja realmente definitiva. Mas fica uma cicatriz, uma especificamente, que lhe volta à memória, que lhe faz desejar tantas coisas outra vez. Juntando o medo na bagagem, carregando cada uma das lembranças que ficaram presas nessas paredes, tudo o que eu quero, no fundo, é poder ir.