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quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Cinco

Adoro a luz que atravessa a janela, me parece um meio que o mundo encontra de se comunicar comigo enquanto estou lá, tão concentrada nas palavras de outra pessoa. 

...A poesia se veste de quem a escreve...

2 comentários:

  1. pálpebras em teia



    vou escrever um poema
    sobre qualquer coisa: inédito -

    o poeta
    jamais carrega a palavra
    ao ritmo das coisas insanas

    é o poeta insano
    aqui e agora que converge
    tudo e a todos aos instantes
    e verga a alma que o aflige

    de pulsos sulcos saltos
    que busca distante

    - insólito

    tão somente
    onde o poema se faz memória
    embriagado tece o veludo da palavra
    como se lavra a trêfega terra

    ausente de si mesmo e de tudo
    e de todos que o cercam
    que o amam em segredo

    o poeta
    assim como o homem
    cavalga imutável o tempo
    e não sabe o medo

    vou examinar o poema:

    sair dele como se sai
    pela porta após fechá-la

    - devorado e inevitável -

    esta palavra que me é tardia
    como a febre prévia anoitece
    em queda a alma vadia

    há a nostalgia do (im)possível
    esse (des)caminho desesperado
    mas também há a perda
    do que jamais existiu !?

    o poeta e o homem
    no desenlace da palavra
    e do poema solo

    só e em silêncio se retira
    sem o inédito e o insólito
    muito menos o poema logo

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