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segunda-feira, 28 de maio de 2012

Deixei o tempo me absorver. Deixei que ele me sustentasse durante esses dias. Somente ele. Alterno os dias em que me sinto suficiente. Alterno os dias em que os sorrisos ou a felicidade é sincera. Quero que o mundo, que essas pessoas, me deixem ir. Quero conseguir deixá-las.

A gente guarda com cuidado as pessoas que aparecem na nossa vida. A gente conhece de perto algumas delas. A gente se despede de outras. A vida vai seguindo com leveza, enquanto você aprende a estreitar e romper laços. Nesse momento, deixei uma pessoa ir. Me libertei de expectativas, de vontades. Ao mesmo tempo, o encontro com pessoas, mesmo fora do meu cotidiano, trouxeram uma luz que merece ser expandida. Dia a dia, dando tempo, deixando um pedaço delas guardadas por aqui. Deixaram sorrisos, agradecimentos, experiências, e uma saudade que cuida de ocupar tudo. O que se guarda é uma experiência que aflora os sentimentos mais conflitantes. Tem vontade de se aproximar, de se afastar. Tem vontade de deixar a vida respirar um tempo, enquanto você se recupera. Enquanto seu corpo, enquanto seu coração,  ficam em sintonia pra lhe deixar em paz. 

quarta-feira, 2 de maio de 2012

E se...


A manhã suspende esse ar novo. Acorda não em um novo dia, mas em uma reinvenção do dia anterior. Fica revivendo as mesmas experiências, assistindo e lendo as mesmas coisas, procurando pelo que pode ter deixado passar. Não é que queira corrigir erros, ou voltar o tempo pra tentar outra vez... Só quer repetir cada uma das coisas ditas e feitas para em algum momento, sem pressa, entender.

A compreensão, a verdade pode ajudar ou magoar ainda mais. E se... E se o tempo não adiantar? E se o problema não foi esse? E se você realmente causou tudo? Quando é você a causa dos términos, dos inicios... É possível revivê-los sem sentir certa culpa?

Escolhendo entre os diversos conselhos e observações dadas, um ponto é comum. Esse “e se...” definitivamente não ajuda. Esse “e se...” te suga tanto que tempo nenhum vai cuidar de cicatrizar seja lá que ferida for essa, que dói sem sangrar.

A... não muito tempo atrás, eu agradecia. Por algum motivo qualquer desses sofrimentos me parecia necessário, hoje nem sei exatamente pra quê. Claro que há aquele discurso clichê de valorização, de “como se conhece a felicidade sem viver a tristeza?”. Do quanto essas experiências nos acrescentam, nos fazem amadurecer etc. etc. etc. Seria mais fácil se nesse sentido fôssemos todos tão infelizes..., tão felizes..., se em cada um dos dias, você soubesse e aceitasse que os sentimentos opostos estariam por vir.

Alguém realmente consegue pensar nisso em qualquer hora de felicidade ou tristeza ou medo ou angústia? Já não haveria surpresas. Já não haveria incômodos, incertezas, incoerências. Seriámos programados a aceitar as curvas desses altos e baixos da vida, com a delicadeza, com a tranquilidade que, definitivamente, não existe em nenhum de nós.

Somos todos idiotas, estúpidos, incoerentes... Por deixarmos os sentimentos aflorarem a tal ponto que se guarda o controle no bolso e fala e faz o que não deveria falar ou fazer. Somos? Fazemos isso. Mas somos qualquer coisa especifica por isso? [...] Somos somente os loucos que por mais improvável que pareça acreditam em “segundas chances”, acreditam que devem falar tudo, acreditam que a sinceridade vai construir uma história melhor do que passar os dias fingindo, com um sorriso torto,  aceitar tudo como é.

Não importa o quão estúpido pareça. Não importa o quão imaturo pareça. Ninguém precisa passar os dias preocupando-se com o que qualquer um vá pensar. Todos podem ter certeza que qualquer das observações ou criticas passaram pela cabeça antes. Antes de cada frase, antes de cada mensagem, cada ligação, cada insistência... Só não acho que devamos parar, não por isso. O tempo é suficiente para certezas e arrependimentos, ele é suficiente para nos deixar viver e depois deixar tudo, sem que ao menos se dê conta, ir.

E assim uma nova história começa e, acompanhada ou não, sempre vale a pena.