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sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Fase: Esquecer

Não aumentei uma linha, um ponto. Não escolhi as palavras, não podei minhas vontades. Deixei a situação correr. Acreditando demais na sinceridade alheia, presumindo um desenvolvimento natural. Até que acabou. Até que a conversa chegou na hora mais inapropriada possível. Clichê de fim de “relacionamento” (e haja aspas pra justificar o uso da palavra). Um dos dois ou três únicos motivos que separam as pessoas (pelo menos verbalmente). O sorteado da vez chegou com o sentido de “estamos em tempos diferentes”, jeito menos explicito (ainda que tenha sido explicito) de deixar o campo aberto. Passa um tempo sendo capaz de conhecer o outro tão “profundamente” e no último marco, o ponto final, destrói a criatividade e pega uma das cartas comuns.  Quem suporta ouvir um “não é você, sou eu”? A vantagem é que isso ajuda a processar a fase do esquecimento. Quem, entre tantas, escolhe essas opções não inspira nenhum próximo reencontro. Que passe mais tempo dessa vez. Um longo e cheio de coisas novas, recaídas merecidas, viagens (reais e imaginárias), músicas e histórias a serem descobertas e amadas, amigos pra encontrar. Sem economias de amor. A fase que machuca enquanto passa acaba sendo a que mais gera frutos (de todo tipo). Surgem inspirações novas, força pra transitar pela vida com mais coragem, o resto estou ainda esperando descobrir. Esperando não, na verdade, quase correndo atrás do que pode ser "o novo". 

E eu concordo, não sou eu.  

terça-feira, 19 de novembro de 2013

"Letra e Música" - Em inspiração



Não foi surpresa. Ando querendo alimentar a estante com o que cria referências e conversa comigo nos momentos certos. Parece que é de uma busca contínua e de uma grande felicidade em cada novo encontro. Ando agarrada com uma edição linda, pequena (somente em dimensões), de um par de livros guardados com cuidado em uma capa vermelha. “Letra e música” vindo conversar. Divulgando e abrindo as paixões e gostos. Ando ainda vagueando pelas primeiras páginas de um dos volumes, A canção eterna - 64 pequenos ensaios sobre música popular. E antes mesmo de chegar à segunda dezena de páginas sinto que as descobertas e paixões que devem surgir vão bem além desse número. Sinto que nesses próximos dias tanto do que eu não ouvi ou li vêm chegar junto de mim, sussurrando ao ouvido. Estou aqui pra sentir, ouvindo o novo/antigo, deixando todo o espaço livre pro que ainda vai chegar. Desapegando dos vícios cotidianos pra deixar o tempo se ajeitar com os novos.

Porque é isso que alivia e cuida do meu tempo. E cuida de mim. Algumas paixões são determinantes e dizem tanto do que você é, do que você quer ser. Vou me apegar às palavras e notas que chegam com o afinco de quem se agarra aos sonhos, desejos... Porque sim, fazem parte dos meus. Tem uma simplicidade na loucura que a arte permite. E é essa conversa (de simplicidade e loucura) que irradia da experiência de encontro com uma nova música, um novo livro (não qualquer), essa que dialoga com opostos. Nessa conversa que eu me apego. E vou soltando as palavras como se elas saltassem, todas em queda livre. Na liberdade que permite a confusão. Deixando-se perder. Porque o que eu pego é o estimulo. E vou indo desenfreadamente no tempo da música.



Adorando não conhecer, pra ter a sensação da primeira vez, do primeiro contato, do primeiro amor.


Letra e Música: A canção eterna (Vol. 1); A palavra mágica (Vol. 2) – Ruy Castro (Cosac Naify, 2013).