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terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

A saudade acumulada apagou de vez


Vou dizer do que eu sinto falta. Mais do silêncio que da conversa. Mais da distância que da presença. É fácil acreditar que foi forte quando se tem a distância pra catalisar isso.  Essa é a hora de acreditar que qualquer possibilidade ali estaria fadada ao fracasso. Somos semelhantes à distância. Funcionamos pelo telefone. Você aprendeu a jogar mensagens e achar a ausência de respostas natural. Aprendeu a acreditar nas palavras mais que no tom de voz. Imaginou que a semelhança fosse suficiente para confiar. Imaginou relações próximas, mudanças, desejou arriscar, foi falando mais alto as palavras que lhe sugeriram evitar.

A saudade acumulada apagou de vez.

E chega a parte em que precisa agradecer. Agradecer o tom melancólico que a vida coloca a sua frente.  Agradecer o empurrão de ter que acordar sem ficar carregando esperanças ancoradas na vida de outra pessoa.  Não que tenha tido tempo. Não que tenha sido limitada a esse ponto. Só aproximou mais do que o corpo e deixou ficar. Deixou-se ligada, mantendo o lugar vago. Mantendo expectativas e impressões rasas de quem quer que fosse.

Chega brusco e sem despedidas. Enquanto saio frágil e descuidada. Soltando frases desconexas pela rua, me deixando afetar por cada imagem e som que ousam chegar perto.  

Estou voltando.

E o que importa é:

A saudade acumulada apagou de vez.

sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

De quem se despede...


O abraço de despedida é o mais forte possível. Nele, nesse que aparece sem se anunciar, você coloca as esperanças, as angústias, coloca o sorriso e o choro por ter que deixar ir. E, antes do outro, despede-se do sentimento que abrandou e cultivou por certo tempo. 

Certo tempo. Certo tempo. 

Tempo que se tornou insuficiente, que não foi capaz de sufocar as distâncias. Dos sentimentos que teve, o aprendizado não ficou. Ele ressuscitou as antigas histórias, fez sentir saudade e apegar-se a fotografias de um tempo em que o sorriso era mais leve, era imprudente... 

Porque a felicidade, sim, a gente tem o dever de espalhar. E que o vento faça-a alcançar outros. 

Deixa ir, dessa vez, com um sorriso mais leve. Antes a pausa, antes o ponto, do que a interrogação que as reticências significam. Não manda mais beijos aleatórios. Vai sem cuidado trilhando o caminho do imprevisto. Imprecisões, surpresas, frases camufladas, sentimentos distorcidos. 

O feriado lhe guarda e o carnaval anunciado vai ser em silêncio. No silêncio bem-vindo. Regado às minhas próprias escolhas, ao que me surpreende e me acorda todas as manhãs. Se eu achei, por minutos, que o sorriso não viria. Ele veio. E veio mais forte que antes, porque dessa vez ele parte de mim.