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sexta-feira, 2 de setembro de 2011

A Viagem - Virginia Woolf

A simples impressão que causou, o sorriso ou a lágrima que se formam pela emoção de uma leitura. Ninguém se mantém igual após essa troca. A Viagem foi o primeiro livro de Virginia Woolf, publicado em 1915, e o primeiro de seus romances que eu li. Duas estreias que mudam a vida de qualquer um, pelo menos de quem é capaz de se entregar integralmente. Espero encontrar mais pessoas capazes disso por aí. Se me trouxe mais alguma coisa além do prazer, do delumbramento, da admiração... foi uma certeza, uma que tinha certo medo de aceitar. Sorte que tenho em uma plateira de casa algumas "Virginias" e algumas "Clarices" pra me lembrar, e preencher, e encantar.  



Ainda que outras leituras tenham me acompanhado nos últimos dias, ainda que o tempo tenha sugado, em parte, as impressões imediatas dos primeiros personagens construídos em um romance por Virginia Woolf tenham ficado mais sutis, eles se impregnaram em mim de tal forma que em alguns momentos quase consegui me sentir conviver com eles, naquele espaço passageiro do início do século XX. A impressão é de as contradições, receios, as facetas de uma pessoa só se diluíram em suas personagens femininas, em construções elaboradas de um romance que carrega em uma esfera intelectual, questionadora e, de certa forma, contemplativa das confusões, medos, prazeres, amores... dignos de um ser humano enquanto ser complexo e contraditório (cenas preenchidas de idas e vindas, dúvidas...). 

Como ela conseguiu? Como ela consegue? Capaz de transpor barreiras do tempo e de limitações de "regras" sociais, ela encanta. Sugere "novas" construções literárias através de "suas" mulheres (Rachel, Helen...). E, principalmente, apaixona.
 
Apaixona pela "simplicidade" da historia, sem "grandes" acontecimentos (se é que a a vida em algum momento consegue deixar de ser um grande acontecimento) além da própria escrita de Virginia, ela é maior, como se conseguisse ir além de si mesma, além de suas próprias experiências. Apaixona pelos personagens contraditórios, confusos (assim como eu). Apaixona pelo olhar poético que eles/elas lançam à vida, às paisagens, ao mundo... Um romance poético imerso no aprendizado e conhecimento, no dar a conhecer do amor. Quando ele se entrega. Quando eles percebem. O momento breve em que o olhar muda. 

Se existem palavras que possam tratar disso fielmente elas estavam lá. 


::: 13.07.2011

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