A
manhã suspende esse ar novo. Acorda não em um novo dia, mas em uma reinvenção
do dia anterior. Fica revivendo as mesmas experiências, assistindo e lendo as
mesmas coisas, procurando pelo que pode ter deixado passar. Não é que queira
corrigir erros, ou voltar o tempo pra tentar outra vez... Só quer repetir cada
uma das coisas ditas e feitas para em algum momento, sem pressa, entender.
A
compreensão, a verdade pode ajudar ou magoar ainda mais. E se... E se o tempo
não adiantar? E se o problema não foi esse? E se você realmente causou tudo?
Quando é você a causa dos términos, dos inicios... É possível revivê-los sem
sentir certa culpa?
Escolhendo
entre os diversos conselhos e observações dadas, um ponto é comum. Esse “e
se...” definitivamente não ajuda. Esse “e se...” te suga tanto que tempo nenhum
vai cuidar de cicatrizar seja lá que ferida for essa, que dói sem sangrar.
A...
não muito tempo atrás, eu agradecia. Por algum motivo qualquer desses sofrimentos
me parecia necessário, hoje nem sei exatamente pra quê. Claro que há aquele
discurso clichê de valorização, de “como se conhece a felicidade sem viver a
tristeza?”. Do quanto essas experiências nos acrescentam, nos fazem amadurecer
etc. etc. etc. Seria mais fácil se nesse sentido fôssemos todos tão infelizes...,
tão felizes..., se em cada um dos dias, você soubesse e aceitasse que os
sentimentos opostos estariam por vir.
Alguém
realmente consegue pensar nisso em qualquer hora de felicidade ou tristeza ou
medo ou angústia? Já não haveria surpresas. Já não haveria incômodos,
incertezas, incoerências. Seriámos programados a aceitar as curvas desses altos
e baixos da vida, com a delicadeza, com a tranquilidade que, definitivamente,
não existe em nenhum de nós.
Somos
todos idiotas, estúpidos, incoerentes... Por deixarmos os sentimentos aflorarem
a tal ponto que se guarda o controle no bolso e fala e faz o que não deveria
falar ou fazer. Somos? Fazemos isso. Mas somos qualquer coisa especifica por
isso? [...] Somos somente os loucos que por mais improvável que pareça
acreditam em “segundas chances”, acreditam que devem falar tudo, acreditam que
a sinceridade vai construir uma história melhor do que passar os dias fingindo,
com um sorriso torto, aceitar tudo como
é.
Não
importa o quão estúpido pareça. Não importa o quão imaturo pareça. Ninguém
precisa passar os dias preocupando-se com o que qualquer um vá pensar. Todos
podem ter certeza que qualquer das observações ou criticas passaram pela cabeça
antes. Antes de cada frase, antes de cada mensagem, cada ligação, cada insistência...
Só não acho que devamos parar, não por isso. O tempo é suficiente para certezas
e arrependimentos, ele é suficiente para nos deixar viver e depois deixar tudo,
sem que ao menos se dê conta, ir.
E
assim uma nova história começa e, acompanhada ou não, sempre vale a pena.
Isso tudo deve ser só para mostrar que estamos vivos e, como bons 'viventes', somos incoerentes, inconstantes, instáveis, incompreensíveis.
ResponderExcluirMas acho que seja bom viver cada uma dessas ocilações e dessas repetições... só não vale usar o "e se"... isso é fato.