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sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Conversa


- Tudo bem, o dia não foi exatamente como esperava...
- Não?
- Que pergunta, claro que não! Achei que você me conhecesse melhor...
- As vezes é quase impossível te conhecer bem. Dá pra explicar?
- Talvez... se eu conseguisse ... podia ser mais fácil. Não sei. Não estou triste nem depressiva, o que seria comum, nada assim. Só parece que surgiu uma raiva tão... insuportável...
- Raiva de que?
- Ah, você não entenderia (claro que não!). Ninguém. Acho que é por isso que eu explodo, chega num limite.
- Se você explicar, quem sabe? Fala, você sabe que eu posso te entender. Acho que não tem nada que a gente não tenha conversado ainda.
- Até com você tenho os meus limites. Você é uma ... pessoa, uma daquelas com sentimentos, com limites...
- E você não?
- As vezes acho que não. Parece que tem umas dez pessoas ( na verdade bem mais) dentro de mim.
- Ah... acho que em todo mundo. Ninguém é feliz e equilibrado o tempo todo..
- Tá vendo? Eu disse que você não ia entender. O pior hábito, aquele mais insuportável pra mim é essa mania irritante... Você mal começa a falar e o mundo já está aí (como você) se justificando o tempo todo.
- Eu não tô me justificando... tô dizendo que isso não acontece só com você.
- Tá certo... sempre aquela velha história, que a grama do vizinho é mais verde, que a família do amigo sempre é mais feliz. Cansei desse discurso, anos de prática, já aprendi a deixar passar.
- Ah, juro que não consigo entender...
- É claro que não, você é uma pessoa, por que seria diferente do resto do mundo?

[Achava que algumas pessoas pudessem me entender pelo olhar. Mas não, elas não podem.]

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