Não foi surpresa. Ando querendo alimentar a estante com o
que cria referências e conversa comigo nos momentos certos. Parece que é de uma
busca contínua e de uma grande felicidade em cada novo encontro. Ando agarrada
com uma edição linda, pequena (somente em dimensões), de um par de livros
guardados com cuidado em uma capa vermelha. “Letra e música” vindo conversar.
Divulgando e abrindo as paixões e gostos. Ando ainda vagueando pelas primeiras
páginas de um dos volumes, A canção eterna - 64 pequenos ensaios sobre música
popular. E antes mesmo de chegar à segunda dezena de páginas sinto que as
descobertas e paixões que devem surgir vão bem além desse número. Sinto que
nesses próximos dias tanto do que eu não ouvi ou li vêm chegar junto de mim, sussurrando
ao ouvido. Estou aqui pra sentir, ouvindo o novo/antigo, deixando todo o espaço
livre pro que ainda vai chegar. Desapegando dos vícios cotidianos pra deixar o
tempo se ajeitar com os novos.
Porque é isso que alivia e cuida do meu tempo. E cuida de
mim. Algumas paixões são determinantes e dizem tanto do que você é, do que você
quer ser. Vou me apegar às palavras e notas que chegam com o afinco de quem se
agarra aos sonhos, desejos... Porque sim, fazem parte dos meus. Tem uma
simplicidade na loucura que a arte permite. E é essa conversa (de simplicidade
e loucura) que irradia da experiência de encontro com uma nova música, um novo
livro (não qualquer), essa que dialoga com opostos. Nessa conversa que eu me
apego. E vou soltando as palavras como se elas saltassem, todas em queda livre.
Na liberdade que permite a confusão. Deixando-se perder. Porque o que eu pego é
o estimulo. E vou indo desenfreadamente no tempo da música.
Adorando não conhecer, pra ter a sensação da primeira vez,
do primeiro contato, do primeiro amor.
Letra e Música: A canção eterna (Vol. 1); A palavra mágica
(Vol. 2) – Ruy Castro (Cosac Naify, 2013).
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